No dia 16 de Março de 1520, pouco antes de começar a Primavera, o rei D. Manuel I – O Felicíssimo como lhe chamou Damião de Góis – mandou publicar, em Carta Régia, a passagem de Tavira a cidade.
A “Villa” de Tavira era nos séculos XV o principal aglomerado populacional do Algarve, fruto da sua privilegiada posição geográfica. Quase na fronteira de Espanha, tão perto de África e do resto do Mundo, era um importante porto comercial. Inúmeras mercadorias entravam e saíam de Tavira, originando grandes receitas para a Coroa com os seus impostos.
Esta posição particular e próspera, assim como o reconhecimento pelo Rei dos muitos e grandes serviços prestados pelos Tavirenses, na defesa do território e na expansão marítima, foram as razões principais para esta ascensão.
Após o seu auge, a cidade foi perdendo relevância e no final do século XVI a peste dizimou grande parte da população.
Apesar de não ter recuperado o seu esplendor, muitas coisas permaneceram, como o caráter resiliente e alegre das suas gentes, a sua cultura, o rio, a ponte que abraça as duas margens e que convida à convivência e à conversa.
O rio, a ponte, presentes em tantas águas passadas.
A Igreja da Misericórdia, construída entre 1541 e 1551, também testemunho desta época, marcado pelo Renascimento, está á sua espera para lhe contar mais histórias.
D. Manuel I, o Felicíssimo, planeava retirar-se e viver no Algarve, quem sabe em Tavira, cidade do mar e do rio.
Passados cinco séculos, é o desejo de muitos de nós. Porque aqui somos felizes.