Existe um dizer comum em Portugal, fruto da experiência: O doce nunca amargou.

Não se aplica porém às laranjas, existindo dois tipos distintos: laranja amarga e laranja doce. Vamos contar-lhe como a laranja se tornou, em alguns países, um símbolo de Portugal.

Laranjas doces e laranjas amargas

A laranja amarga (Citrus Aurantium) chegou antes da laranja doce e era muito apreciada na medicina Chinesa e Árabe pelas suas propriedades medicinais. Também é conhecida por laranja da China.

Apresenta árvores de porte modesto, é amarga e ácida e as suas flores muito aromáticas.

A laranja doce (Citrus Sinensis), de acordo com Traité du Citrus de Giorgio Gallesio* em 1811, terá sido descoberta pelos Genoveses e mais tarde pelos Portugueses no final do século XV.

As suas laranjeiras são árvores majestosas com frutos cor de laranja. A casca é fina, a polpa esconde o sumo doce refrescante, a acidez baixa é envolvida por uma nuvem branca como algodão. O aroma das suas flores é mais discreto do que o das laranjas amargas.

São estas as laranjas do nosso Algarve: doces!

Laranja doce, símbolo de Portugal

Foi durante a viagem de Vasco da Gama para a Índia, iniciada no Restelo em 1497, que os Portugueses conheceram as laranjas doces, ao largo de Mombaça, no Quénia.

“Estando o navio em seco, vieram duas almadias a ele e a nós, as quais trouxeram muitas laranjas muito doces e muito boas, melhores que as de Portugal”

Roteiro da Viagem de Vasco da Gama à Índia, Álvaro Velho.

Segundo Giorgio Gallesio, os Portugueses tiveram um papel determinante na disseminação da cultura da laranja doce, a partir do séc XVI.

Em alguns dialetos e noutras línguas encontramos as seguintes palavras como sinónimos de “laranja doce”:

Dialeto de Genova- Arancio del Portgallo

Grécia – Portokáli

Árabe – Alburtuqal

Persa – Pôrthogal

A laranja doce é,  assim, um símbolo de Portugal em muitas geografias.

*Giorgio Gallesio era Italiano, famoso pelos estudos sobre os citrinos nos seus pomares (Savona, Liguria).

No seu jardim estudava os citrinos, paralelamente ao seu trabalho principal como adjunto do Prefeito de Savona. O seu trabalho de sistematização dos citrinos foi incentivado pelo Conde de Chabrol, enviado por Napoleão para administrar Montenotte depois da sua anexação pels Franceses.

O seu trabalho de sistematização dos citrinos foi tão relevante que foi citado por Darwin na sua Teoria da Evolução da Espécies.

Savona era uma zona perfeita para o cultivo de citrinos, com o seu clima ameno e gentil. Daqui eram enviados para Genova e toda a Itália muitos produtos para a confecção de doces (laranja, cedro e limão cristalizado). Também eram exportados para outros países.

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