Após a conquista dos últimos territórios no Algarve, em 1249, D. Afonso III foi o primeiro rei português a utilizar o título Rei de Portugal e dos Algarves com pleno direito.

Já D. Sancho tinha o tinha utilizado, mas no seu tempo o Algarve não estava ainda totalmente sob o seu domínio.

No ano de 1266, mais  de duas décadas depois de Tavira ter sido foi conquistada aos Mouros em 1242, foi-lhe concedida por D. Afonso III o Foral da Vila.

Neste documento régio eram regulados os direitos e deveres da comunidade, com vista a fixar as populações e torná-las mais prósperas sob o domínio da Coroa.

Contudo, nesta altura existiam comunidades de Mouros que viviam de uma forma própria, seguindo outra religião e outros órgão de poder (alcaides).

Depois de terem sido derrotados foram obrigados a sair das zonas fortificadas e a viver em zonas próximas, do lado de fora da Vila.

As muralhas limitavam-na, e à sua volta existiam caminhos que originaram as ruas de hoje. Uma das suas portas – Porta contra a Mouraria ou Porta do Postigo, dava acesso à Mouraria, zona de residência dos Mouros forros. Era assim, necessário descer do castelo para zonas mais baixas para onde era mais fácil a vigilância a partir do castelo.

Passaram a ser tributados e designados por mouros forrose Mouraria era o espaço físico onde habitavam. Ainda hoje existem ruas que trazem esta herança, como a Rua dos Mouros.

Eram zonas mais pobres, e onde se realizavam as atividades mais ruidosas ou com maus cheiros. Os seus deveres e privilégios corporizaram-se na Carta de Foral aos Mouros Forros em 1269.

A estruturação do espaço conquistado era importante porque as localidades outrora sob o poder islâmico eram extremamente dinâmicas, centros mercantis, de conhecimento e comunicação.

As zonas ocupadas pelo Império Muçulmano refletiam a sua filosofia. A sua economia e poder baseava-se em zonas agrícolas produtivas e numa relação de parceria entre proprietários rurais e agricultores; as colheitas eram dividas por todos.

Trouxeram novas culturas para o Mediterrâneo como melancia, beringelas, laranjas e limões.

Algumas destas culturas necessitavam de muita água e foram feitos melhoramentos na sua captação, como a Nora.

O comercio fervilhante permitiu o desenvolvimento do sistema monetário e de crédito e a proliferação de artesãos.

Na Vila os ofícios eram muito prestigiados e os lojistas, com os seus lugares fixos constituíam a base estável, á volta dos quais floresciam as outras profissões.

Não existiam fronteiras nítidas entre as povoações e os terrenos circundantes; estas eram rodeadas por árvores, hortas e culturas diversas.

Pagavam inúmeros impostos, dedicavam-se a variados ofícios e ao cultivo do campo, constituindo uma força económica importante para a Coroa Portuguesa.

Em compensação, eram protegidos pelo Rei, que lhes chamou os “meus mouros forros”.

Mando que nenhum cristão ou judeu tenha poder de fazer-vos mal ou vos forcem, mas só quem for o vosso alcaide vos julgue.

E isto faço para que vós me deis em cada ano cinco morabitinos pagos por cinco notáveis vossos no tempo em que apanhardes os vossos frutos.

E me dareis alfitra e azaqui, e a dízima de todo o vosso trabalho. E trabalhareis para sempre as minhas vinhas e lagares e fareis estritamente o meu vinho tal como o fazem os meus mouros forros de Lisboa; e em todas as outras coisas deveis fazer e usar como usam e fazem os meus mouros forros de Lisboa

Carta de Foral aos mouros Forros em 1269.

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